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Michael Biberstein trabalhou activamente neste projecto até ao seu falecimento e deixou um considerável número de apontamentos, esboços, desenhos e aguarelas que testemunham com exactidão o resultado que pretendia alcançar. Mandou também analisar uma amostra da superfície actual para determinar o tipo de tinta acrílica mais adequada e planeava rodear-se de assistentes e técnicos de restauro para o acompanharem ao longo do processo, chegando mesmo a seleccionar alguns. 
Como muitos saberão, Michael ofereceu o seu trabalho pro bono, recebendo apenas um valor per diem para cobrir despesas básicas.  A maior parte do financiamento que ainda faltava angariar destinava-se sobretudo ao pagamento de salários aos assistentes e de materiais de pintura.
Na sequência do seu súbito desaparecimento, todas as pessoas envolvidas no projecto – o padre, arquitectos, engenheiros, técnicos, restauradores e patrocinadores – concordaram veementemente que o tecto deveria ser pintado de acordo com o original que Michael executara para o tecto da maquete da igreja.
A triste realidade do seu falecimento veio exigir a reavaliação e o reajuste do projecto inicial. A necessidade de contratar uma equipa mais numerosa e a inclusão de peritos com vista a orientar, dirigir e supervisionar os trabalhos, irá obviamente pesar no orçamento operacional necessário para pintar o que o artista designava como “o meu tecto”, e os seus amigos e admiradores como “o tecto do Mike”.






Apresentação do projeto Um Céu para Santa Isabel, com Michael Biberstein, João Appleton, Delfim Sardo, João Silvério e P. José Manuel de Almeida na galeria Cristina Guerra Contemporary Art, Lisboa em colaboração com Appleton Square.

09/01/2013


vista interior do altar da igreja (situação actual)
Créditos fotográficos: Marco Pires



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"A igreja de Santa Isabel, na freguesia de Santa Isabel em Lisboa, 
é como uma pedra preciosa guardada dentro de uma caixa escura 
com uma sombria tampa cinzenta."

Michael Biberstein
Artista convidado para pintura do tecto da Igreja de Santa Isabel


vista da pintura do lado do altar em maqueta
Créditos fotográficos: Rui Semedo da Luz




















DESCRIÇÃO DO PROJECTO

Fase 1 – Da ideia à exposição - a long shot

Outubro de 2009 – Consulta do pároco de Santa Isabel, Padre José Manuel Pereira de Almeida, à A2P, Nova Conservação e Appleton e Domingos para a reabilitação da igreja

Outubro de 2009 – Convite feito por Delfim Sardo à Appleton Square para integrar com um projecto expositivo a Trienal de Arquitectura de Lisboa

Outubro de 2009 – Reunião entre os Arquitectos Appleton e Domingos, Nova Conservação, Appleton Square e o pároco de Santa Isabel para lhe apresentar a hipótese de convidar o artista Michael Biberstein para a realização da pintura do tecto e consequentemente para o projeto ser apresentado durante a Trienal de Arquitectura de Lisboa.

Outubro de 2009 – Inauguração na Appleton Square da exposição de Michael Biberstein “Works on Paper” e primeira conversa com o artista sobre a hipótese de pintar o tecto da Igreja de Santa Isabel

Novembro de 2009 – Visita do artista Michael Biberstein à Igreja de Santa Isabel

Novembro de 2009 a Outubro de 2010 – Desenvolvimento da primeira fase do projeto para o tecto de Santa Isabel. Execução de maqueta de balsa e de estudo do tecto à escala 1/100 e desenvolvimento de maqueta e de estudo à escala 1/8.
Primeira angariação de fundos do projecto alocados à execução da maquete de madeira à escala 1/8 (em regime pro-bono fornecimento da madeira e execução pela Jular Madeiras, planificação e gestão do processo Appleton e Domingos, pintura do tecto Michael Biberstein, montagem Tetrapod e Jular).

Outubro e Novembro de 2010 – Exposição de maqueta à escala 1/8 na Appleton Square no âmbito da Trienal de Lisboa incluindo projeto para a ‘Cadeira da Presidência’ de Miguel Vieira Batista e texto de João Silvério.

Novembro de 2010 a Janeiro de 2011 - exposição da maqueta na Igreja de Santa Isabel para que os paroquianos pudessem ver o projecto.

Fase 2 – Projeto global – the sky as limit

Novembro de 2010 a Dezembro de 2011 - Constituída uma equipa técnica e elaborado um orçamento prévio e desenvolvido um dossier que servisse de base para solicitar apoios institucionais

Janeiro de 2011 - Procura de patrocinadores para a obra, inicialmente para a obra completa da Igreja que incluía, para além do tecto, o restauro das pinturas decorativas, o redesenho de acessos e melhoramento de níveis de desempenho do edifício, e o desenho de novo mobiliário. 

Março de 2011 - Execução de dossier com orçamento da obra e apresentação a diversas entidades (BES, CML, Alves Ribeiro, entre outras). 

Dezembro de 2011 - Candidatura ao prémio Vasco Villalva considerado não elegível por não estar garantida a execução da obra por falta de capital.

Devido ao elevado montante da obra em causa, não foi possível obter financiamento.
Nesse período o projeto foi apresentado no Diário Câmara Clara e publicado na revista L+Arte.

Fase 3 – O projecto parcial – back to the ceiling

Janeiro de 2012 – Redefinição de estratégia de angariação de fundos impulsionado por Michael Biberstein e estratégia de Fernando Belo. Estabelece-se como prioridade e âncora de todo o projeto a pintura do tecto com a inevitável recuperação da cobertura.
Michael Biberstein decide oferecer o seu trabalho para a pintura. Esta alteração da estratégia diminuiu consideravelmente o valor da intervenção.

Março de 2012 – Execução do BLOG ‘Um Céu para Santa Isabel’ anunciado no programa Câmara Clara como um meio de angariação de fundos para a execução da pintura.

Dezembro de 2012 – Estão prometidas as verbas necessárias para se proceder à reparação da cobertura, montagem e desmontagem do andaime, pintura do tecto, sendo os principais financiadores o BES, BPI, e alguns particulares.

Janeiro de 2013 - apresentação do projecto ‘Um Céu para Santa Isabel’ com uma conversa entre o Padre José Manuel Pereira de Almeida, Michael Biberstein, Delfim Sardo, João Silvério e João Appleton no âmbito da finissage da exposição Circling the Circle de Michael Biberstein na galeria Cristina Guerra. (vídeo da conversa no blog)

Março de 2013 – Ficam garantidos os fundos necessários para a execução da obra de reparação de cobertura, tecto e pintura do tecto. É adjudicada a obra de reparação da cobertura à empresa Lovarte.

Abril de 2013 – São executadas as primeiras análises de constituição dos revestimentos do tecto para a compatibilização entre os suportes e a pintura. Michael Biberstein reúne na Suíça com os técnicos da Lascaux para definir os sistemas de pintura a aplicar.
Agenda-se reunião para Maio para acertar os pormenores técnicos da pintura.

5 Maio de 2013 – Morte de Michael Biberstein.

Fase 4 – Sem Mike – upside down

Junho de 2013 – Início de execução da obra da cobertura pela empresa Lovarte, coordenação de arquitectura Appleton e Domingos, e projecto de estabilidade pela empresa de engenharia A2P. Nesta altura prevê-se que a empreitada demore cerca de 6 meses devido a um conjunto de situações imprevistas que não eram detectáveis ‘a priori’ e que implicaram vistorias integrais de toda a estrutura, um conjunto grande de intervenções estruturais de reforço das asnas de madeira que suportam a cobertura e o tecto, e uma revisão muito mais extensa da cobertura do que o inicialmente previsto.

Junho de 2013 – Redefinição do projeto. É decidido que o estudo do Michael Biberstein seja ampliado, reproduzido e pintado no tecto da Igreja, com a coordenação artística de Julião Sarmento e acompanhado por um conjunto de pessoas ligadas à vida e à obra de Mike (Ana Nobre de Gusmão, Delfim Sardo, Cristina Guerra).
Cria-se um grupo de apoio técnico e artístico ao processo constituído por: Ana Nobre de Gusmão, Julião Sarmento, João Appleton, Cristina Guerra, Nuno Proença e Vera Appleton.

Julho de 2013 – Recrutamento de uma equipa para a execução da pintura do tecto, composta na sua maioria por pessoas com experiência na execução de conservação/ restauro e pintura. Este recrutamento implicou a reunião de um conjunto de técnicos, a sua deslocação ao atelier do Michael Biberstein no Alandroal para proceder a uma entrevista e a uma prova prática
Começa-se então a preparar um novo orçamento para a execução do tecto.

Agosto de 2013 – Apresentação do orçamento e projecto aos Galeristas Jaeger-Bucher e consequente visita à igreja, que se oferecem como financiadores parciais do projecto. 

Setembro de 2013 – Reunião do grupo de apoio técnico para decisão do estudo e método a aplicar no tecto de Santa Isabel. Discussão sobre as dificuldades técnicas e de sistemas alternativos de execução. É levantada a questão da necessidade da impressão à escala 1/1 para servir de modelo (estava orçamentada à escala ½) e é levantada a hipótese de a impressão ser o produto final (e não apenas um modelo).É relembrada a Factum (que tinha sido indicada pelo Fernando Belo para produzir o modelo) como uma hipótese de produzir o resultado final.

Outubro de 2013 – É estabelecido o contacto com o director da Factum, Adam Lowe que propõe uma reunião a acontecer em Lisboa para visitar o local e conhecer o processo. Esta acontece dia 23 de Outubro com Flavia Introzzi e Rafael Rachewsky em Lisboa. A Factum propõe analisar o projeto e apresentar uma primeira estimativa de custo bem como uma forma de fazer/executar a pintura.

Novembro de 2013 – Após análise da Factum dos dados recolhidos em Lisboa, agenda-se uma ida do “grupo técnico de acompanhamento” a Madrid

Dezembro de 2013 – Ida a Madrid, no dia 3, visita às instalações e reunião com a equipa da Factum, incluindo os dois directores gerais Adam Lowe e James Macmillan-Scott (Factum e Factum Foundation).

Dezembro de 2013 - Concerto pro bono dos Dream & Drone na Igreja de Santa Isabel para angariação de fundos.

Janeiro de 2014 – A maquete foi recolhida pela Factum no Alandroal na semana de 13 de Janeiro, para digitalização da imagem à escala real.

Fevereiro de 2014 - Ida da equipa de coordenação do projecto a Madrid, para visionamento dos testes feitos pela Factum e posterior acordo de contrato entre as duas partes.

Março de 2014 - Inauguração da exposição “A Sky for Michael Biberstein” na Galeria Jaeger Bucher, em Paris, patente entre 1 de Março e 3 de Maio de 2014, tendo como objectivo a angariação de fundos para o Céu de Santa Isabel.


Fase 5 - Point of no return - the Sky is the limit

Julho de 2014 - Possibilidade de protocolo institucional com a Santa Casa da Misericórdia. Entrega do primeiro dossier para avaliação do projecto tendo em vista o apoio global por parte desta entidade.

Setembro de 2014 - Primeiro esboço do protocolo a estabelecer entre a Paróquia de Santa Isabel e a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

Março de 2015 - Reunião final na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa com a aprovação do protocolo.

Junho de 2015 - Assinatura do protocolo entre a Paróquia de Santa Isabel e a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

Julho de 2015 - Deslocação da Factum e de Pietro Galadini para análise e reavaliação técnica in loco.

Julho a Outubro de 2015 - Estudo dos orçamentos apresentados para adjudicação de empreitada para a preparação do tecto e construção da estrutura de madeira que servirá de suporte à pintura. (Orçamento adjudicado à Tetrapod).

Novembro de 2015 - Montagem dos andaimes para início da empreitada

Novembro de 2015 – Início da intervenção na abóbada da igreja pela empresa para permitir a remoção de entulhos, reparação das estruturas de madeira e reposição de revestimentos.

Dezembro de 2015 – Reparação das estruturas de madeira com a substituição das partes apodrecidas por elementos novos; reposição dos ripados de madeira e execução dos novos rebocos e estuques.

Janeiro de 2016 – Conclusão das reparações na abóbada e início da execução da impermeabilização e do teto suspenso para suporte da pintura; as telas foram aplicas entre a abóbada original e o novo teto constituído por uma estrutura metálica e por placas de gesso de alta densidade impregnadas.

Março de 2016 – Pintura do teto com base em camadas sucessivas de velaturas de base acrílica seguindo a técnica usada por Mike Biberstein.

Abril de 2016 – Trabalhos de conservação e restauro no nível superior dos paramentos da igreja com consolidação de zonas fragilizadas, limpeza das superfícies, reintegração do programa decorativo. Montagem da nova iluminação na abóbada e na assembleia.

Julho de 2016 – Desmontagem do andaime.


19 de Julho de 2016 – Inauguração do tecto da igreja de Santa Isabel.